A guarda municipal Abby Silva Moreira denunciou que vem sofrendo transfobia (Foto: Reprodução/WhatsApp )
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Guarda municipal concursada há cinco anos em Jaboatão dos
Guararapes, no Grande Recife, a primeira e única mulher trans a assumir o cargo
no município denunciou que vem sofrendo transfobia. Esse crime ocorre quando há
preconceito contra quem se identifica como transgênero.
Abby Silva Moreira, de 45 anos, contou que foi afastada
da Guarda Municipal, mesmo sendo concursada, e teve suas gratificações
salariais cortadas. Segundo a servidora, o responsável por isso foi o atual
comandante da Guarda Municipal de Jaboatão, Admilson de Freitas.
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Uma denúncia formal por transfobia foi feita à corporação
por meio do Sindicato dos Guardas Municipais de Jaboatão. Além disso, foi
protocolada uma denúncia ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na
segunda-feira (7).
Abby relatou que sofre transfobia desde que entrou na
Guarda Municipal, que sempre foi algo muito presente na corporação, mas que
nunca tinha sido intenso como agora. Ela também afirmou que, há dois anos, faz
um tratamento para depressão e que o quadro de saúde se agravou em 2021, devido
à transfobia da qual foi vítima e que culminou em duas internações
psiquiátricas.
A servidora disse que, ao assumir o cargo, a primeira
providência do comandante foi retirar as gratificações dela sem qualquer
justificativa. A junta médica do município solicitou à readequação dela para
uma área administrativa da Guarda Municipal. Foi quando Admilson de Freitas a
afastou, segundo Abby.
"Quando saiu uma portaria no Diário Oficial, em vez
de me readaptar na Guarda, ele falou que não tinha lugar para mim lá e me jogou
para outra secretaria, que não tinha nada a ver com meu concurso. Lá não tinha
trabalho pra mim e me mandaram de volta para a Guarda. Voltei, e ele disse que
eu não tinha mais nada a ver com a Guarda e me expulsou, como se eu tivesse
sido exonerada de um cargo que sou concursada", contou.
Ainda de acordo com Abby, este foi o principal de uma
série de episódios que fizeram com que ela se sentisse desrespeitada. A
servidora está afastada por determinação médica até março e continua sem saber
se voltará a trabalhar ou em que local.
"Ele não respeita meu gênero, me tratava só pelo
masculino, depois zombava, dizia 'se fala ela né?'. Eu sou concursada e me
colocaram de molho, aquela pessoa indesejada, que ninguém quer, e, até hoje,
não se tem uma definição sobre o meu caso", disse Abby.
A servidora acredita que isso não teria acontecido se ela
fosse uma mulher cisgênero, ou seja, que nasceu com sexo biológico feminino e
se identifica como mulher.
"Ele me enxotou como um cachorro da guarda. E ele
nunca teria feito isso se eu fosse uma mulher cis. Teria sido adaptada na hora.
Nunca vi um caso de a pessoa ser expulsa para uma outra secretaria que não tem
nada a ver. Então, a obrigação da Guarda era me readaptar dentro da
Guarda", afirmou.